Título original: “There is No New Black Panther Party : An Open Letter From The Dr. Huey P. Newton Foundation”
Tradução de Henrique Rozena, do 100Flores.
Texto no Medium em: https://medium.com/@100flores/n%C3%A3o-h%C3%A1-um-novo-partido-dos-panteras-negras-uma-carta-aberta-da-funda%C3%A7%C3%A3o-huey-p-newton-1aa55b0940b0
“Em resposta aos diversos pedidos de indivíduos procurando informações sobre os ‘Novos Panteras Negras’, a Fundação Doutor Huey P. Newton traz essa publicação para corrigir distorções feitas na mídia por um pequeno bando de afro-americanos que se auto intitulam Os Novos Panteras Negras. Como guardiã da verdadeira história sobre o Partido dos Panteras Negras, a Fundação, que inclui líderes da época do Partido, denuncia o oportunismo desse grupo em relação ao nome e à história do partido. Ao falhar em encontrar sua própria legitimidade dentro da comunidade negra, esse grupo transfere o nome do Partido para si, algo que nós condenamos.

Primeiramente, os membros do Novo Partido dos Panteras Negras nunca foram membros do Partido dos Panteras Negras e não tem reivindicação legítima do nome do Partido. Pelo contrário, eles tentaram roubar os nomes e fingem andar sob o caminho trilhado pelos verdadeiros Heróis do Partido, como o fundador dos Panteras Negras, Huey P. Newton, George Jackson, Jonathan Jackson, Bunchy Carter, John Huggins, Fred Hampton, Mark Cark e tantos outros que deram suas vidas pela libertação do povo negro sob a bandeira do Partido.
Segundo, eles mancham o nome do Partido ao promover conceitos absolutamente contrários aos princípios revolucionários nos quais o Partido foi fundado. Seus supostos ataques midiáticos à Ku Klux Klan servem para incitar o ódio ao invés de resolvê-lo. O princípio fundamental do Partido, como Ernesto Che Guevara tão bem articulou, era: “Um verdadeiro revolucionário é guiado por grandes sentimentos de amor.”. Os Panteras Negras nunca foram um grupo de jovens militantes raivosos cheios de fúria contra a “ordem política branca”. O Partido operava através do amor pelo povo negro, e não do ódio pelas pessoas brancas.
Além disso, esse grupo afirma que irá “educar” a comunidade negra sobre autodefesa armada. A arrogância dessa afirmação é sobrecarregada por sua natureza reacionária. Negros, especialmente do Sul, estiveram armados pela autodefesa por muito tempo. De fato, a origem indireta do Partido em si foi a organização Deacons of Defense, com base em Louisiana. Porém, o Partido compreendia que a arma não era necessariamente revolucionária, já que a polícia e todas as forças opressivas também tinham armas. Era a ideologia por trás da arma que determinava a sua natureza.
Dado que o Partido acreditava que apenas as massas poderiam fazer a revolução, ele nunca presumiu que estivesse acima do povo. O Partido se considera um servo do povo e ensinava pelo exemplo. Com a fome massiva entre os negros, o Partido providenciou refeições gratuitas para crianças e outros programas de alimentação gratuita. Na falta de instituições médicas decentes na comunidade negra, o Partido coordenava clínicas gratuitas. Frente à brutalidade Policial, o Partido enfrentou e resistiu. Levando em conta o número esmagador de negros enfrentando julgamento e longas sentenças, o Partido desenvolveu apoio legal gratuito e programas para visitas à prisão.
A questão que a Fundação levanta é, então, quem são essas pessoas reivindicando a história e o nome do Partido? São provocadores reacionários, que instigariam atividades sem interesse para o povo, causando caos e mortes? São animadores que posam para a mídia, de acordo com várias fontes, com armas com pentes vazios, para se exibirem? Eles são, tendo em conta a história de um dos seu líderes, Khalid Muhammad, um grupo de antissemitas como a Ku Klux Klan, a qual eles supostamente se opõe? Quais são as pautas deles?
As condições para os negros na América hoje são piores do que quando o Partido dos Panteras Negras foi formado em 1966. Os negros continuam a viver na pobreza; taxas desproporcionais de negros morrem de AIDS e câncer, enquanto a mortalidade infantil das crianças negras continua sendo o dobro da das crianças brancas. Existe uma necessidade desesperada por uma agenda de libertação. O Partido dos Panteras Negras incontestavelmente deu o exemplo, defendendo princípios e a história que certamente deve ser adotada por todos aqueles lutando por liberdade. Ao invés de se apropriarem do nome do Partido, entretanto, grupos que alegam representar os afro-americanos deveriam seguir o exemplo histórico real do Partido. Na falta de tal comprometimento, a Fundação denuncia a usurpação do nome do partido dos Panteras Negras por esse bando questionável de líderes autoproclamados.”
Link para o texto original em: http://www.standardnewswire.com/news/668755359.html